terça-feira, março 31, 2009

...divago matinal...

Ao vento da manhã, da madrugada que se estende pelo amanhecer, chego a casa, vou à janela do meu quarto e sob tal vento dá-me a vontade de vir escrever. Não sei sobre quê mas é esse o motivo que me faz começar a encadear ideias em palavras, fluir no espírito e entrar no ritmo da alma com ou sem pensamentos, do mundo sensível ao inteligível, disperso-me em sensações que mantenho. Nesta luta diária com a vida que se queima como incenso e dá-me aromas para novas perspectivas, pontos de vista com que me guio neste caminho que sigo à deriva, gasto saliva enquanto falo para dentro e tudo se apaga de seguida, escrevo livros no cérebro mas é na folha que os meus delírios ganham forma. Deliro com metáforas, o sol nasce e eu fecho-me em rimas inesperadas, a luz expande-se e eu transformo-me em viagens concentradas no meu mundo interno. Pertenço a um meio mas por dentro vagueio, sou livre no significado pleno do termo. Não há leis nem mentes que defrontem os meus pensamentos! Sou livre enquanto penso, manifesto-me lealmente perante o meu cérebro, quebro o ritmo, pauso uma beca neste ritmo frenético do ondular da caneta, rimo faço versos preparo-me para a pirueta, a jincana que esta inspiração comanda, mudo o cenário porque é hora de desbunda.
Que se foda a macumba e toda a magia negra, o cérebro manipula o comportamento mas o ser humano adora jogar à cabra cega. Superstições e crenças desencaminham vidas num leque de falsas esperanças, iludidas sem total consciência. Ambas têm uma razão dentro de si mesmas mas quando pessoas andam às escuras mais facilmente tropeçam. Que se fodam os sentidos apurados, a intuição é ínfima em comparação com a coerência, realidade dos factos, deparo-me com vontades aliciantes, escrever é mais que um vício já não é como era dantes.

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