segunda-feira, outubro 19, 2009

Sinto falta de tempo, saudade dos tempos em que hibernava na introspecção. Criava mundos que transbordavam o espírito, inundava-me em pensamentos, tinha paciência para inúmeros devaneios.....tanto verso escrito. Enclausurado na cave do meu sótão, habitáculo mental o esconderijo em que me exponho, sofro em silêncio e que me torna mais sereno...
...Que futilidade, minutos passaram, segundos que se passam. Às vezes penso naquilo a que me entrego e sinto que tudo é inútil, vazio, uma casa sem paredes, um verso sem rima, uma palavra sem letras, um cálculo sem resultado, uma luta sem objectivos definidos.
Quero mas não sei o que quero! Quero o que não sei! Quero mas não sei o que não quero! OH SEI! Só não sei o que quero! Agora logo após tal incerteza sei o necessário, desembrulho o embróglio que embrulhei, troco trocadilhos com trocados.
De metade com metade (não!) se forma o todo!
E enquanto a rima se cansa no caminho em que vai, mudo o curso do itinerário como água perante obstáculos, não há tempo para malandros, se cai levanta, novamente preparado. Versos vagueiam pelo quarto como fumo pelos neurónios, pensamentos saltam saltam mas saem por baixo. Subsolo do raciocínio, movimentos de tensão, pressão com acréscimo, deliro, geologicamente metaforo, dou liberdade ao desatino, sinto-me bem! Por isso, posso nóiar que não me incomodo. Foco, desfoco, reajo com reflexo, esta cena de querer escrever sem saber o que escrever leva um gajo a estar conecto com o mentalmente desconexado. Conectado enquanto me concentro no indeterminado que determino como incerto enquanto permaneço concentrado. Concentração na distracção! Rimo sufocado pelo desenrolar da minha acção. Quieto e com ânsias, mantenho-me estático, tropeço em pensamentos ocasionais, massajo o intelecto.

+ 1 improviso matinal.....

2005

2 comentários:

Pegadas disse...

amigo...cheguei até aqui porque também tem como livro preferido o LIVRO do Mestre...Estes seus pensamentos poderiam também ser meus...desculpe lá a ousadia. Gostei bastante. Voltarei cá muitas vezes. Abraço.

Kath disse...

"Quero mas não sei o que quero! Quero o que não sei! Quero mas não sei o que não quero! OH SEI! Só não sei o que quero! "

Acho que posso dizer que compreendo.